Encontro do dia 26 de Novembro de 2024

Hoje focamos no trabalho com a câmera lenta inspirado por uma aula do Hugo de 2017 que eu analisei essa semana. A importância da câmera lenta como metodologia pedagógica e criativa não pode ser subestimada. Principalmente no quesito da sensibilidade.

Aquecimento: 
    Câmera lenta individual usando todos os parâmetros do movimento que trabalhamos até agora: 3 planos, 6 frentes, tônicas musculares, características formais, torções, linha e espiralidade. Em algum momento formaram-se duplas e trabalhamos em câmera lenta a transposição de peso de um corpo para o outro.

Querer vs sentir:
    A principal dificuldade da câmera lenta para além do desafio físico consiste na superação do desejo imediato de "fazer coisas", isto é, a vontade de executar alguma imagem específica que vem a mente. Evidentemente que a imagem pode ser um motivador para o movimento, mas devido à lentidão da câmera lenta o tempo necessário para alcançar aquela imagem abre possibilidades de mil outras imagens surgirem no ínterim da sua execução. Dessa forma a trajetória inicial imaginada pelo ator vai sendo modificada a cada passo caso ele esteja de fato na sensibilidade e não no querer. Caso ele se deixe levar pelo querer, no caso o desejo de executar aquela imagem pré-concebida, é praticamente certo que perderá a qualidade da câmera lenta a não ser que ele disponha de uma força de vontade muito exacerbada e queira realizar a imagem perfeitamente como exercício. Neste caso será um ótimo exercício, mas não será um exercício criativo, mas reprodutivo de uma criação original. 
    O que entendo por "exercício criativo" consiste numa permeabilidade ao momento presente que está necessariamente em constante mudança e, portanto, interfere na ideia inicial transformando-a a cada milímetro do movimento. Num exercício criativo a trajetória do movimento pode mudar infinitas vezes no decorrer do movimento e isto não constitui um problema, mas sim o próprio objetivo da prática: criar a cada instante para que cada momento seja sempre novo e, portanto, vivo.
    Neste entendimento trata-se de uma dualidade entre o querer de um lado impondo a sua vontade sobre o corpo e o sentir do outro permeável às interferências do meio.

Exercício do sofá em câmera lenta com instrumentos:
    Em seguida trabalhamos no sofá em câmera lenta em trios utilizando os instrumentos musicais. Estes últimos serviam mais como objetos de cena do que produtores sonoros com exceção da ocasional produção sonora possível em câmera lenta e da produção sonora imaginária que acontecia na mente do expectador alimentada pela expectativa do som, afinal espera-se que o instrumento esteja em cena para produzir sonoridades.
    Ao final experimentamos o mesmo exercício inserindo o texto para explorarmos as possibilidades vocais muscularmente inspiradas pela câmera lenta.

Registros:

Parte 1:

https://youtu.be/mbiTuNg3YKg

Parte 2:

https://youtu.be/mGt4U0rTshg

Parte 3:

https://youtu.be/K0JTerVIbIU

Parte 4:

https://youtu.be/d21AqI32VMg









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